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Esportes náuticos com prancha e pipa, conheça os nomes e a história

Os esportes náuticos com prancha impulsionada pelo vento combinam elementos da vela tradicional e do surfe. Ao longo das décadas, entusiastas têm experimentado diferentes formas de utilizar pranchas equipadas com velas ou pipass (kites) para deslizar sobre a água, resultando em uma família variada de modalidades. Do windsurf, surgido nos anos 1960, até as inovações recentes com pranchas foil e asas manuais, cada esporte apresenta um contexto histórico próprio e contribui para a evolução dos esportes de vento. A seguir, são apresentados dez desses esportes náuticos, em ordem cronológica de surgimento ou consolidação, com breves descrições, anos de origem aproximados e contexto histórico de cada prática.

Windsurf (Prancha à Vela)

Descrição: O windsurf, ou prancha à vela, combina surfe e vela em uma prancha com uma vela montada sobre mastro móvel. O praticante equilibra-se na prancha e controla a vela para aproveitar o vento e navega.
Ano de origem: ~1964.
Contexto histórico: Considerado o primeiro esporte deste tipo, o windsurf foi inventado em meados da década de 1960. Em 1964, o norte-americano Newman Darby concebeu a primeira sailboard (prancha à vela), ainda de forma rudimentar. A ideia ganhou tração quando em 1968 os californianos Jim Drake e Hoyle Schweitzer patentearam o design de prancha com mastro articulado e boom (barra) – o “Windsurfer” original. Nos anos 1970, o windsurf popularizou-se na Europa e EUA, chegando ao primeiro campeonato mundial em 1976. A inclusão de trapézio e footstraps (alças para os pés) em 1977 permitiu controlar a prancha em ventos mais fortes, possibilitando saltos e manobras radicais. Durante os anos 1980, o esporte atingiu seu auge de popularidade global, estabelecendo as bases para as modalidades que o seguiriam.

Funboard (Windsurf de Alta Performance)

Descrição: Funboard se refere às pranchas de windsurf de alta performance, mais curtas e ágeis, voltadas para manobras, saltos e velocidade em condições de vento forte. É essencialmente uma evolução do windsurf tradicional, focada em desempenho.
Ano de origem: ~1979.
Contexto histórico: Com a massificação do windsurf, surgiram melhorias nos equipamentos. No final dos anos 1970, fabricantes franceses como a marca Rocket Windsurfer desenvolveram pranchas menores, deslocando a posição do mastro mais para trás – assim nasceu o funboard. Em 1979, a empresa Bic Sport também entrou no mercado com pranchas menores e robustas. Essas pranchas curtas, combinadas ao uso de alças e velas mais eficientes, permitiam planar facilmente sobre a água e executar manobras radicais. Nos anos 1980, o termo funboard passou a designar o estilo radical do windsurf, com disciplinas de slalom, freestyle e ondas. A chamada “funboard mania” impulsionou o windsurf como esporte extremo, popularizando figuras como o havaiano Robby Naish e levando o windsurf a uma nova era de inovação e entusiasmo.

Kitewing (Asa de Mão Rígida)

Descrição: O kitewing é uma asa portátil e semi-rígida, controlada diretamente pelas mãos do praticante, sem fixação à prancha. Pode ser usada para impulsionar pranchas em diversas superfícies – na água, na neve (com snowboard ou esquis) ou em terra (com skate) – aproveitando a força do vento.
Ano de origem: ~1990 (consolidação da ideia).
Contexto histórico: O kitewing surgiu como evolução do conceito do Wind Weapon. Após os primeiros testes de Magruder, outros inventores refinaram a ideia. Em 1983, Tom Magruder e Robert Crowell apresentaram o protótipo do que viria a ser o kitewing, inicialmente pensado apenas para windsurf. Por volta de 1986, o designer Dave Terry colaborou no desenvolvimento para tornar a asa mais popular e versátil. A principal diferença em relação ao Wind Weapon original é que o kitewing não fica preso ao mastro da prancha – trata-se de uma vela manual totalmente livre, controlada apenas pelos braços do praticante. Isso permitiu que a asa fosse usada não só na água, mas também em lagos congelados e encostas nevadas, onde ganhou popularidade na Europa a partir dos anos 1990.

Kitesurf (Kiteboarding)


Descrição: O kitesurf (ou kiteboarding) é um esporte em que o atleta, preso a um kite (pipa de tração) por um cinto harness, desliza sobre a água em uma prancha específico, usando a força do vento na pipa para propulsão. O controle é feito por uma barra, permitindo direcionar a pipa e, com habilidade, saltar e fazer manobras no ar.
Ano de origem: ~1985 (desenvolvimento) / ~1998 (consolidação).
Contexto histórico: As primeiras ideias de usar pipas para surfar remontam aos anos 1970. Em 1977, o holandês Gijsbertus Panhuise obteve a primeira patente de “prancha puxada por um paraquedas, vislumbrando o conceito do kitesurf. Nos anos 1980, o alemão Dieter Strasilla também experimentou pipas de parafoil com esquis e pranchas, chegando a conceber um kite inflável em 1979. Porém, o kitesurf moderno ganhou forma mesmo com os irmãos franceses Bruno e Dominique Legaignoux, que desenvolveram pipas infláveis a partir de 1984 e patentearam em 1987 um kite de borda inflável – desenho que se tornaria padrão na indústria. Em meados dos anos 1990, pioneiros como Laird Hamilton e Manu Bertin demonstraram o kitesurf nas praias do Havaí (Maui), chamando atenção para a nova modalidade. A virada ocorreu em 1997, quando os Legaignoux lançaram a pipa Wipika, com tubos infláveis pré-formados e um bridão simples nas pontas – facilitando muito o re-lançamento da pipa na água. Também em 1997, começam a surgir pranchas bidirecionais (twin-tips) específicas para kite, desenvolvidas por atletas como Raphaël Salles. No final de 1998, o kitesurf já era ensinado em escolas e lojas pelo mundo, consolidando-se como esporte radical mainstream. A primeira competição oficial ocorreu em setembro de 1998 em Maui, vencida por Flash Austin. A partir de 1999, grandes marcas de windsurf (Naish, Neil Pryde, etc.) ingressaram no kiteboarding, impulsionando o crescimento global. Em poucos anos, o kitesurf espalhou-se pelas praias do planeta, cativando milhões de praticantes com suas possibilidades de manobras aéreas e velocidade.

Windfoil (Windsurf Hydrofoil)

Descrição: O windfoil é a modalidade em que pranchas de windsurf são equipadas com um hydrofoil – uma quilha especial com asas hidrodinâmicas. Ao ganhar velocidade, o foil ergue a prancha fora d’água, reduzindo drasticamente o arrasto e permitindo navegar “voando” sobre a superfície.
Ano de origem: 1979 (primeiros testes) / ~2010 (popularização).
Contexto histórico: A ideia de adicionar um hidrofoil à prancha à vela é quase tão antiga quanto o próprio windsurf. No final dos anos 1970, o engenheiro holandês Joop Nederpelt construiu um protótipo de windsurf com hidrofoil acoplado a uma prancha Mistral, realizando alguns dos primeiros voos sobre a água em 1979

. Contudo, as limitações tecnológicas da época – foils pesados e dificuldade de controle – impediram a adoção ampla da ideia. Foi somente a partir de 2010 que o windfoil ressurgiu com força, graças a avanços em materiais (fibra de carbono, design de asas eficientes) e ao interesse renovado por inovação no windsurf. A partir de 2015, grandes fabricantes lançaram kits de foil para pranchas de windsurf, transformando o esporte. O windfoil permite planar com ventos mais fracos e em ângulos de orça antes impossíveis, trazendo uma sensação de “tapete mágico” ao velejador. Em poucos anos, a modalidade se desenvolveu a ponto de substituir o windsurf tradicional em cenários competitivos: nos Jogos Olímpicos de 2024, por exemplo, a classe iQFoil (windsurf foil) substituirá a prancha convencional. O windfoil representa “literalmente, um novo esporte” dentro do mundo da vela, graças à sua tecnologia inovadora que faz a prancha flutuar sobre as águas

.

Kitefoil (Kitesurf Hydrofoil)

Descrição: O kitefoil aplica o conceito de hydrofoil ao kitesurf. Utilizando uma prancha específica com um longo mastro e asas hidrofoil, o kitesurfista consegue elevar a prancha fora d’água enquanto é puxado pela pipa. Isso reduz o atrito e permite atingir grandes velocidades mesmo com pouco vento, além de navegar em ângulos de upwind extremamente fechados.
Ano de origem: ~2008 (primeiras aparições) / ~2013 (consolidação em competições).
Contexto histórico: Com o sucesso do kitesurf nos anos 2000, a busca por mais performance levou experimentadores a adaptarem hydrofoils nas pranchas. Por volta de 2008, pranchas de kitefoil começaram a surgir – a empresa Carafino, por exemplo, introduziu um dos primeiros modelos comerciais nesse período

. No início, os kitefoilers eram raros e atraíam olhares curiosos nas praias. Porém, as vantagens ficaram evidentes: um kitefoil bem conduzido pode velejar praticamente sem tocar a água, alcançando velocidades altas e mantidas com estabilidade. A modalidade ganhou impulso em meados dos anos 2010, com o surgimento de competições dedicadas de kite race hydrofoil. Em 2015, o primeiro circuito profissional foi estabelecido e recordes de velocidade começaram a ser quebrados. Hoje, o kitefoil é parte integrante do kitesurf – por exemplo, a modalidade de corrida com foil (Formula Kite) foi incluída nos Jogos Olímpicos de 2024. Os princípios básicos do kite permanecem os mesmos do kitesurf tradicional

, mas a adição do foil “muda o padrão e, literalmente, um novo esporte nasce” quando o praticante decola sobre a água

. O kitefoil ampliou os limites do kitesurf, permitindo velejar em ventos fracos e explorar novas dimensões de desempenho.

Wingsurf (Wing-Surfing)

Descrição: O wingsurf é a prática de usar uma asa inflável de mão – semelhante a um kite, porém sem linhas – para impulsionar uma prancha sem hidrofoil. O atleta segura a asa diretamente, ajustando seu ângulo ao vento, enquanto seus pés estão livres (ou com alças) na prancha. É, essencialmente, uma mistura de windsurf (pela asa velejadora) com kitesurf (pela portabilidade e ausência de mastro).
Ano de origem: ~2015.
Contexto histórico: A ideia de uma asa livre e inflável ganhou vida em meados dos anos 2010. Inspirados por dispositivos anteriores como o kitewing, inventores como Tony Logosz (cofundador da Slingshot) começaram a experimentar com protótipos de asas infláveis por volta de 2015

. Chamado inicialmente de SlingWing, o protótipo de Logosz apareceu em testes no Hood River (EUA). A asa inflável resolvia algumas limitações das asas rígidas predecessoras, oferecendo leveza, facilidade de manuseio e segurança (já que se solta facilmente em caso de queda). Nos primeiros anos, o wingsurf foi praticado sobretudo em pranchas grandes de stand-up paddle ou windsurf, permitindo aos iniciantes aprenderem a controlar a asa. Vídeos virais do waterman Kai Lenny em 2018 mostrando a nova asa aumentaram o interesse geral

. Entretanto, sem o uso de foils, o wingsurf tinha desempenho limitado – exigia ventos fortes e não superava as modalidades existentes em velocidade ou orça. Apesar disso, serviu como etapa fundamental para popularizar o conceito da asa manual e atrair uma comunidade inicial de entusiastas. Logo ficaria claro que o verdadeiro potencial da asa surgiria quando combinado ao hydrofoil, dando origem ao wingfoil.

Wingfoil (Wing Foiling)


Descrição: O wingfoil é a evolução do wingsurf, em que o praticante usa a asa inflável de mão em conjunto com uma prancha dotada de hydrofoil. Com o foil, a prancha eleva-se acima da água conforme a velocidade aumenta, proporcionando alta eficiência e uma sensação de voar sobre a superfície. O wingfoil combina a liberdade de uma asa solta com a performance do foil.
Ano de origem: 2019 (ascensão mainstream).
Contexto histórico: Embora protótipos existissem há alguns anos, foi em 2019 que o wingfoil explodiu em popularidade mundial

. Nesse ano, fabricantes consagrados de kitesurf e windsurf lançaram asas e pranchas foil específicas para a nova modalidade, tornando o equipamento mais acessível. A união do foil resolveu o principal desafio das asas livres anteriores – o atrito com a água. Com o hydrofoil eliminando quase todo o arrasto, até mesmo ventos leves passaram a ser suficientes para planar. De repente, o wingfoil permitiu orçar quase como um veleiro e surfar marolas com incrível liberdade. A curva de aprendizado também se mostrou relativamente rápida para quem vinha do kite ou windsurf. Desde então, o esporte se estabeleceu: já em 2020 houve a primeira competição internacional de wingfoil e atualmente há campeonatos dedicados. O wingfoil é frequentemente descrito como a síntese de vários esportes – “combina elementos do kitesurf, windsurf e surfe”

– mas gerando uma experiência totalmente nova. Hoje, pranchas e asas de wingfoil continuam a evoluir, e a modalidade se destaca como uma das mais empolgantes inovações no mundo dos esportes aquáticos de vela.

Olá! Eu sou o Fronzio

Sou bombeiro militar aposentado e ex Comandante Geral do Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Espírito Santo. Apaixonado por esportes e um entusiasta da vida saudável, compartilho aqui minhas experiências autênticas em voos de parapente e outras modalidades esportivas ao ar livre. Meu objetivo é inspirar você a viver de forma mais feliz, leve e saudável, trazendo dicas e aprendizados das minhas aventuras nos esportes no ar, no mar e no chão.

"O esporte tem o poder de mudar o mundo. Ele tem o poder de inspirar, de unir as pessoas como poucas coisas fazem."

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